Carlos Tufvesson no j?ri do Miss Gay Um dos nomes mais fortes da alta costura ? presen?a confirmada no Miss Gay e Rainbow Fest. Em entrevista exclusiva, ele fala de milit?ncia, pol?tica e homossexualidade
Rep?rter
17/08/2007
ACESSA.com multim?dia
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Um dos nomes fortes da alta costura brasileira ? presen?a confirmada para o final de semana rosa de Juiz de Fora. Carlos Tufvesson chega nesta sexta-feira, dia 17, para dar uma palestra sobre Milit?ncia Individual no Rainbown Fest. No s?bado, 18, ? a vez dele participar do j?ri do Miss Brasil Gay.
Tufvesson montou seu ateli? em 1999, no Rio de Janeiro, trabalhando com com o conceito de arquitetura de tecidos. O estilo moulage em que a roupa ? feira no corpo do cliente, agradou e, desde ent?o, ele transita entre grifes, cursos no exterior, desfiles e muita eleg?ncia.
Atualmente, as linhas de Carlos Tufvesson s?o comercializadas por 33 multimarcas no Brasil. Na Daslu, em S?o Paulo; na Magrella, de Bras?lia, na M. Guia, em Belo Horizonte e na Dona Santa, em Recife.
Toda essa hist?ria de sucesso e sua milit?ncia, "individual", como ele mesmo faz quest?o de frisar, fizeram de Tufvesson um nome forte para representa??o circular entre as personalidades da semana rosa 2007.
Confira a entrevista exclusiva cedida ao portal ACESSA.com:
ACESSA.com - Voc? j? veio a Juiz de Fora. Conhece o Miss Brasil Gay?
Carlos Tufvesson - Eu j? fui a Juiz de Fora, mas nunca fui ao Miss Brasil Gay. Quando eu fui at? Juiz de Fora, tamb?m nem foi na semana gay. ? que eu tenho um grande amigo que ? a? de Juiz de Fora. Ent?o, teve uma vez que eu passei pela cidade. Mas tem mil?nios, isso. Vai ser um grande prazer voltar.
ACESSA.com - Voc? vai na parada?
Carlos Tufvesson - Claro. Total! O que eu n?o sei se eu vou fazer, ? fazer "noitadona". Como estive um pouco doente essa semana, eu n?o estou podendo beber, essas coisas. Mas na parada com certeza eu vou. Mesmo porque eu acho que ? um dever c?vico.
ACESSA.com - E por falar em dever c?vico, a palestra que voc? vai apresentar na sexta, no semin?rio do Rainbow Fest ? sobre milit?ncia individual...
Carlos Tufvesson - O Oswaldo Braga, do MGM, foi quem me convidou para dar essa palestra. A gente se conhece h? muito tempo. E eu sigo uma linha de milit?ncia, dentro do movimento homossexual, que ? n?o estar filiado a nenhum grupo ou organiza??o. Por uma escolha pr?pria, eu sigo uma linha individual.
Eu acho que hoje em dia, como essa ? uma luta de vida minha - eu sou casado h? 13 anos, tenho um projeto de uni?o civil que est? desde 1995 para ser votado e nunca foi - eu acho mesmo que o movimento perdeu seu car?ter reivindicat?rio, porque ele passou a fazer parte de uma estrutura ideol?gico-partid?ria. E a?, eu n?o t? a fim de dedicar a minha vida a uma coisa que se tornou ideol?gico-partid?rio. Eu acho que a luta pelos direitos humanos deve ser suprapartid?ria.
Eu acredito na luta pelos direitos dos homossexuais enquadrada dentro dos direitos humanos, pr? direitos civis. Porque, na verdade, o que a gente defende s?o os nossos direitos constitucionais. Eu n?o estou pedindo direitos especiais. N?o ? uma defesa classista. Eu defendo que meus direitos como cidad?o, que qualquer cidad?o tenha, n?o seja estirpados pelo fato de eu viver com outro homem. E eu acho que voc? interferir com uma luta partid?ria, mistura as duas situa?es e tira a legitimidade dessa causa que ? nobre ao extremo.
V?rias vezes, v?rios parlamentares deixam de apoiar essa causa, porque acham que ela ? de um ou outro partido. Ent?o eu acho que isso ? um d?ficit enorme do movimento, tanto que n?o tivemos avan?os nenhum, no ?mbito legislativo.
ACESSA.com - Voc? acredita ent?o que s?o quest?es pol?ticas os maiores impedimentos da aprova??o de avan?os para homossexuais?
Carlos Tufvesson - A defesa do direito de minorias, em parte nenhuma do mundo, digamos que ? uma coisa assim, populista. Se tratando de um governo populista, essa minoria continua sendo sempre minoria, e a?, nunca decide uma elei??o, ent?o n?o faz diferen?a. Pelo contr?rio. Existe toda uma outra parte que pode at? tirar votos, n?o sei mais l? o que.
Agora seria ideal, uma postura de um chefe de estado - e no Brasil estamos falando de 18 milh?es de pessoas - que cuidasse para que esse grupo grande tivesse suas rela?es regulamentadas. N?s n?o estamos falando do clube de sinuca da esquina. S?o 18 milh?es de pessoas, que vivem a margem a lei. A ?nica sa?da que a gente tem, ? recorrer ao judici?rio, para fatos banais, que um legislador j? entendeu que devem ser resguardados no caso de um casal. Como por exemplo declarar imposto de renda, como ter direito a heran?a quando casal...
Para mim ? aviltante, eu saber que eu estou casado h? 13 anos com o Andr?, que a gente divide uma casa e tudo, e que se amanh? eu vou no hospital com ele, eu tenho que me declarar amigo dele. E se o m?dico cismar com a minha cara, ele pode me botar pra fora, e dizer - "Olha, tem que vir no hor?rio de visita". E eu n?o tenho interfer?ncia nenhuma. E teria, assim, se entrasse com uma a??o, uma medida cautelar, a? tenho que esperar um juiz julgar, isso ? l? uns oito anos.
ACESSA.com - Acha que as misses v?o ficar um pouco apreensivas, sabendo que est?o sendo julgadas por um estilista conhecido? O estilista vai ficar de olho nos vestidos para dar a nota?
Carlos Tufvesson - N?o , elas n?o t?m que ficar apreensivas n?o (risos). Elas s?o maravilhosas. Eu tenho um respeito enorme pelas travestis, pelas transformistas. Se hoje n?s temos um movimento, n?s devemos a elas. Na verdade, foram os travestis quem primeiro tiveram a coragem de chegar a dar porrada na pol?cia.
Imagina! ? uma grande festa.ACESSA.com - Como ? que voc? analisa todo esse movimento da semana rosa de Juiz de Fora?
Carlos Tufvesson - Juiz de Fora est? de parab?ns. J? li hoje que os hot?is est?o lotados, que os turistas est?o tendo que ir para outras cidades. Eu desejo que o Brasil siga mesmo esse exemplo. ? maravilhoso o trabalho, inclusive porque isso ecoa. A cada vez que a gente faz algo, a gente cria a oportunidade de discutir o assunto. Eu parabenizo mesmo os organizadores do Miss Brasil, do Rainbow Fest, a galera que luta. ? tudo muito legal.
O que eu sempre digo, para meus colegas militantes, que o projeto 1.151, que ? da Marta Suplicy, nunca foi votado. Ele sempre era colocado em pauta, e depois tirado. Mas s? o fato de ele ter sido colocado em pauta, ele j? cria uma discuss?o na sociedade. Em cada discuss?o dessa, cada pessoa vai sabendo que ela conhece um amigo ou um vizinho que ? homossexual. E vai tirando os estere?tipos que s?o sempre colocados em cima dos homossexuais.
Eu acho que a gente est? em um processo de educa??o sobre o que ? a homossexualidade. E cabe a gente mesmo entender esse processo. A v? da minha cliente que tava aqui, n?o sabe o que ? internet, imagina se ela sabe o que ? homossexualidade. E eu falo mesmo: "eu estou indo ali encontrar com meu namorado". ? importante voc? passar isso da maneira mais natural poss?vel. Ent?o as pessoas t?m que ir entendo o que ?. A informa??o ? a chave de tudo - ? a melhor maneira das pessoas constru?rem uma opini?o a respeito.
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