Investimentos em indústrias e infraestrutura são condições básicas para o crescimento econômico e para o desenvolvimento da cidade. Juiz de Fora tem pontuação muito baixa nesses quesitos, segundo o Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades do Brasil (IDSC - BR). As pontuações variam entre 0 e 100, a cidade aparece com índice "Muito baixo - 0 a 39,99".

Com a chegada das eleições municipais, o Acessa ouviu os pré-candidatos à Prefeitura de Juiz de Fora e buscou entender quais são os projetos relacionados a infraestrutura e indústria de cada um para o avanço da cidade nos próximos dez anos. 

A atração de indústrias para uma cidade pode trazer uma série de benefícios econômicos e sociais significativos, como:

  • Criação de empregos: As indústrias geralmente empregam um grande número de pessoas, o que pode reduzir o desemprego e fornecer oportunidades de trabalho estáveis e bem remuneradas para os residentes locais.
  • Estímulo ao crescimento econômico: A presença de indústrias pode impulsionar o crescimento econômico da cidade, gerando investimentos, aumentando a produção e estimulando o comércio local.
  • Diversificação econômica: A diversificação da base econômica de uma cidade através da atração de indústrias pode reduzir sua dependência de setores específicos e torná-la mais resiliente a flutuações econômicas.
  • Aumento da receita fiscal: As indústrias podem contribuir significativamente para a receita fiscal da cidade através do pagamento de impostos sobre a propriedade, vendas e folha de pagamento, o que pode ser usado para financiar serviços públicos e infraestrutura.
  • Desenvolvimento de habilidades e conhecimentos: A presença de indústrias pode estimular a educação e o treinamento técnico na cidade, fornecendo oportunidades para os residentes adquirirem habilidades relevantes para o mercado de trabalho.
  • Estímulo ao desenvolvimento urbano: A atração de indústrias pode incentivar o desenvolvimento de áreas industriais e comerciais, o que pode atrair investimentos adicionais e melhorar a infraestrutura da cidade.
  • Fomento à inovação e pesquisa: Muitas indústrias estão envolvidas em atividades de pesquisa e desenvolvimento, o que pode estimular a inovação e atrair talentos qualificados para a cidade.

Situação em Juiz de Fora

A cidade tem uma grande dificuldade em atrair novas indústrias e até mesmo manter as que já estavam instaladas. Um exemplo atual foi a Ardagh Group, multinacional de embalagens para bebidas, que adiou indefinidamente a instalação de duas fábricas na cidade, uma de embalagens de alumínio e outra de vidro.

Os dois projetos tinham previsão de investimento total de R$ 2,4 bilhões e a geração de cerca de 680 postos de trabalho. As plantas seriam construídas em um terreno no Distrito Industrial que pertencia à montadora alemã Mercedes-Benz.

O Acessa entrou em contato com a empresa para entender os motivos da pausa, porém não houve retorno. Em um último contato com nosso Portal, a Ardagh destacou que, "no momento não dará entrevistas e não terá como responder perguntas adicionais. Mas nos colocamos à disposição para quando houver outra atualização". 

Em contato com o Governo do Estado para entender o motivo de Juiz de Fora não estar entre as prioridades e ao questionar o por que outras cidade mineiras como Uberlândia recebem maior investimento, o governo não retornou os questionamentos feitos. 

Pré-candidatos à PJF falam sobre os projetos

O Portal deu oportunidade para os cinco primeiros pré-candidatos mais bem colocados nas pesquisas falarem sobre o assunto, abaixo a fala de cada um em ordem alfabética e mantendo a transparência e ética, resumimos em até quatro parágrafos a fala de cada pré-candidato. 

Charlles Evangelista (PL)

O pré-candidato Charlles Evangelista(PL) foi o único que não retornou o Acessa. O Portal encaminhou a demanda e cobrou por duas vezes o retorno.  

Ione Barbosa (Avante)

"Primeiramente, é fundamental redimensionar e reestruturar o Distrito Industrial, visando otimizar sua eficiência e atratividade para investidores. Além disso, deve-se estabelecer um segmento específico na gestão municipal, com o objetivo de atrair empresas comerciais, industriais e prestadoras de serviços para se instalarem no município, fortalecendo assim sua base econômica.

Outra medida importante é a ampliação das compras governamentais das micro e pequenas empresas locais, como forma de estimular a economia interna e fomentar o crescimento dos negócios regionais. Para tanto, é necessário facilitar e apoiar a criação de novas empresas, simplificando e desburocratizando os processos de estabelecimento empresarial.

No que diz respeito à exportação, é importante incentivar e amparar setores estratégicos através da criação de programas de incentivo e apoio. Da mesma forma, é necessário estimular a criação, implantação e manutenção de incubadoras e cooperativas regionais, bem como melhorar o ambiente para as empresas tecnológicas sediadas no município.

Ademais, é preciso priorizar as contratações de pequenos negócios locais e regionais, conforme legislação vigente, estabelecendo processos licitatórios exclusivos e cotas de participação. Além disso, a estruturação, simplificação e atualização do cadastro de fornecedores da Prefeitura são medidas importantes para facilitar o acesso das empresas aos processos de contratação. Essas medidas, quando implementadas de forma coordenada e eficaz, podem contribuir significativamente para o desenvolvimento econômico sustentável do município". 

Isauro Calais (Republicanos)

“Nós estamos vivendo esse empobrecimento em Juiz de Fora, não é de hoje, vem de 40 anos para cá, é visível o empobrecimento da cidade. É óbvio que assentou muito mais agora nesse governo atual da Margarida Salomão, que não tem capacidade de dialogar com ninguém. Não há diálogo nem com o próprio Governo Federal, que é do mesmo partido.

Então é um governo isolado que assentou esse empobrecimento. O Vale do Jequitinhonha cresceu 19%, a Zona da Mata cresceu 8% e Juiz de Fora está arrastando a Zona da Mata para esse empobrecimento, apesar de termos cidades como Ubá, Muriaé, e Leopoldina, que tem um crescimento diferente do de Juiz Fora.

Então, o que que a gente precisa, primeiro, é ter uma relação com o setor produtivo, uma relação próxima, ouvindo. É um setor que precisa ser ouvido pela Prefeitura, esse é o primeiro passo.

A cidade tem várias lojas fechadas, nós vamos valorizar as empresas para que isso não ocorra. Vamos dialogar com o Governo Estadual, Federal, com capital estrangeiro e com capital de outros estados para atrair empresas”.

Júlio Delgado (MDB)

"Primeiramente, é fundamental que o Prefeito de JF tenha capacidade de articulação política junto aos Governos Estadual e Federal. Prefeito de uma cidade do porte de Juiz de Fora deve se relacionar bem politicamente em todas as esferas, independente de partido ou ideologia.

É hora de atualizar e colocar em prática os pontos estabelecidos no Plano Estratégico já existente, feito pela última gestão que se preocupou com o desenvolvimento sustentável. (Tarcísio Delgado)

É fundamental também que Juiz de Fora crie melhores condições de acessibilidade, de comércio, de serviços, saúde, segurança, de educação e outras áreas que fazem parte da cidade e são essenciais para a qualidade da vida da nossa população e que também contribuirão para atrair novas empresas.

Através do excelente relacionamento e trabalho que fizemos nos anos em que estivemos em Brasília, conseguiremos usufruir de todo o capital político construído para reativar negociações com empresas que buscaram JF como seu destino a acabaram não avançando (por exemplo, a ADARGH). Por fim, vamos resgatar antigos projetos que foram paralisados e que são fundamentais para a retomada do crescimento da nossa querida Juiz de Fora".

 Margarida Salomão (PT)

"Para os próximos anos, vamos continuar fortalecendo a produção tradicional do município, com o incremento das ações dirigidas aos Arranjos Produtivos Locais; fortalecer a vocação de Juiz de Fora para a produção de novas energias e atividades intensivas em tecnologia e portadoras de futuro, que haverão de ganhar um espaço cada vez maior na nossa economia com a efetivação dos dispositivos da Lei Municipal de Inovação.

No levantamento “Índice de Concorrência dos Municípios”, realizado pelo Ministério da Economia, nos anos de 2021 e 2022, com o envio de mais de 600 questões a 119 municípios brasileiros, Juiz de Fora avançou da 23ª para a 22ª colocação no quesito “Infraestrutura”, melhorando a sua nota de 54,2, no primeiro ano, para 61,1, no segundo.

Outro ranking, “Cidades Empreendedoras”, edição 2023, desenvolvido pela ENAP/Endeavor, capta, em sua maior parte, cenários do ano 2018 ou mesmo de períodos anteriores. De todo modo, mesmo com essas ponderações, há pontos nos quais a cidade melhorou sensivelmente sua posição, como em Infraestrutura, onde saltou da 69ª posição para a 23ª, em relação ao ano anterior.

Com relação a Ardagh, existe uma redefinição do cronograma de instalação da empresa, cuja vinda para a cidade é certa. Além disso, empresas locais, como a Arcol, firmaram contrato com grandes empresas nacionais: a MTR Arcol tem a expectativa de gerar 450 empregos e aumentar perto de um terço a sua participação no mercado nacional de energia fotovoltaica distribuída.

 


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