A interpretação do Hino Nacional por uma drag queen em um evento LGBTQIAPN+ como o Rainbow Fest carrega um significado profundo e multifacetado, refletindo questões de identidade, inclusão e representação. Este ano, a drag Ravell canta o hino na abertura oficial do evento, no sábado 17 de agosto, às 14h.

A performance de uma drag no Hino Nacional é uma forma poderosa de afirmação da identidade da comunidade. Dada a longa história de marginalização dessas comunidades, tal interpretação representa uma reivindicação de espaço e visibilidade em uma sociedade que muitas vezes os ignora ou estigmatiza. É um ato de coragem e orgulho que celebra a diversidade de expressões de gênero e orientação sexual.

O organizador do evento, Oswaldo Braga destaca a importância do hino na abertura do evento. “O Hino Nacional é um símbolo tradicional que, na maioria das vezes, é associado a ocasiões formais e oficiais. Ao ser reinterpretado por uma drag queen, a performance desafia as normas convencionais e questiona quem tem o direito de representar e se apropriar desses símbolos. Isso pode ser visto como uma forma de subverter expectativas e expandir a compreensão coletiva do que significa ser patriótico ou nacionalista”.
Vários artistas já interpretaram o hino, e “são escolhidos à partir da visibilidade que estão tendo no momento, entre a comunidade local. É critério também prestigiar a diversidade: gays, lésbicas, travestis e até mesmo heteros simpatizantes fazem parte do rol de artistas que já participaram dessa honraria”, afirma o organizador.

Ravell

Ravell, drag queen que ganhou vida por meio do artista Wagner Vaccari, há 15 anos. A personagem é uma das 20 drags de todo o Brasil que participaram do Queen Stars, reality show de drag queens produzido pela HBO. Comandado por Pabllo Vittar e Luisa Sonza.

Wagner integrou uma série de bandas de baile e deu aulas de dança em várias academias da cidade. Antes de ir para Goiânia, não tinha idade para frequentar as casas de show que reunia as drags de Juiz de Fora. Mas, quando voltou, já tinha. Começou a perceber como a noite era formada na cidade, entender como tudo funcionava. Conheceu, então, Rayane Ravell, uma das principais drags juiz-foranas, que foi quem deu o maior apoio a ele, e, como homenagem, pegou emprestado seu nome. Mas ele já era conhecido mesmo como Beyoncé, porque gostava de fazer cover da cantora norte-americana.

“Para mim foi incrível recebeu o convite do Oswaldo para poder interpretar e cantar o Hino Nacional em Juiz de Fora nessa edição do Rainbow Fest que inclusive há exatamente dez anos atrás eu tive a oportunidade também de cantar no trio elétrico, eu não estava de drag, cantei como Wagner Vaccari e foi incrível.

Wagner acredita que a honraria fará com que a credibilidade do seu trabalho seja ainda maior. “Poder estar ali, junto com toda a equipe do evento, com todos os artistas de altíssima qualidade do Brasil inteiro, depois de tanto tempo, renovar esse voto e mostrar pra quem tá vindo depois da gente que o Brasil é pra todos nós, que a bandeira nacional é para toda nossa comunidade, que o Hino Nacional faz parte também de todos nós e que todo mundo tem direito e acesso a isso sim. E que a nossa população da LGBTQIAPN+ tem que se unir cada vez mais para mostrar que o amor e o respeito podem vencer todas as barreiras e todas as portas fechadas que tiverem pra gente daqui para frente”, completa Ravell.

Arquivo Pessoal - Ravell - Ravell

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